28 de abril face e blog

 

A capoeira

A capoeira – jogo, dança, luta – foi praticada em quase todo o Brasil, onde a escravidão teve papel significativo na vida econômica e social.

Quase sempre que se praticava a capoeira, havia conflitos de rua com mortos e feridos. Também por ocasião da realização de festas e da apresentação de folguedos populares, era comum a presença de capoeiras e a ocorrência de conflitos.

Nos primeiros tempos da República, a repressão se tornou sistemática e permanente. Pela simples prática do desporto, numerosos capoeiras foram presos e deportados para o arquipélago de Fernando de Noronha, sob a acusação de vadiagem, sem comprovação de outros crimes ou contravenções.

Foi por isso que a capoeira entrou em declínio e desapareceu, ao final da primeira década do século XX, em Belém, São Luís, no Recife e no Rio de Janeiro, restando apenas marcas da sua influência no passo do frevo do Recife, nas danças do bumba meu boi e na pernada carioca.

Na Bahia, a capoeira sobreviveu em academias. A imigração de pessoas naturais da Bahia para o Rio de Janeiro acabou por fazer ressurgir a capoeira nessa cidade, de onde o desporto tornou a se difundir para outras cidades, inclusive o Recife.

 

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O passo do frevo

A música do frevo foi uma evolução das marchas e dos dobrados executados pelas bandas musicais, especialmente as bandas militares, ao modo das bandas de música europeias. Porém, a coreografia da dança do frevo – chamada “passo” – é considerada uma evolução dos movimentos dos praticantes da capoeira, que se exibiam à frente das bandas e ao seu ritmo.

Essa é a tradição do ‘passo’ como dança afro-brasileira em Pernambuco.

Ordinariamente, o passista de rua utiliza como adereço um guarda-chuva (guarda-sol) aberto.

Nas últimas décadas do século XX, passou a ser modificado: o guarda-sol foi substituído por sombrinha de tamanho reduzido, é “ensinado” em academias de ginástica e danças contemporâneas onde foi desenvolvida uma modalidade de “frevo aeróbico”. Na realidade, o tradicional passo do frevo é uma dança em acelerado processo de extinção.

 

O forró: baião, coco e xaxado

Forró é denominação de festa originalmente rural do Nordeste, em que estão presentes os ritmos do baião, coco, xaxado e xote.

03047_Personalidade_Luiz GonzagaBaião

Conhecido também como “baiano” (do qual é uma variante), é dança e música populares no Nordeste do Brasil já no século XIX. Nos anos quarenta do século XX, ao ganhar projeção na radiofonia e no disco, teve a música modificada sob a influência dos sambas e de ritmos provenientes do Caribe. O baião foi popularizado pelo cantor e sanfoneiro Luiz Gonzaga (1912–1989), que divulgou, também, o coco, o xote e o xaxado.

 

Coco

Com inúmeras variantes, o coco é uma das danças mais tradicionais de Pernambuco. De dança rural, com características ameríndias – fileira e roda – e figurações africanas – como a umbigada –, ganhou os subúrbios e os salões das cidades, aparecendo tanto isoladamente quanto em folguedos, como pastoris e mamulengos e em rituais de cultos afro-indígenas.

O coco ocorre em todo o litoral de Pernambuco, na Zona da Mata e em localidades do Agreste e do Sertão onde há manifestações de cultura negra, especialmente quilombos contemporâneos.

No começo dos anos cinquenta do século XX, o cantor e compositor Jackson do Pandeiro (1919–1982) introduziu no rádio a música do coco, em apresentações ao vivo. Logo em seguida vieram as gravações em disco.

Os artistas populares rurais, hoje em dia, continuam a criar composições ao ritmo do coco. Por outro lado, artistas consagrados da música popular brasileira (Alceu Valença, Gilberto Gil, Gal Costa, Lenine, João Bosco, Geraldo Azevedo, Genival Lacerda, Zé Ramalho, Tom Zé, Chico César, Leila Pinheiro e Chico Buarque) prosseguem regravando os cocos de Jackson do Pandeiro e de novos compositores.

 

Xaxado

03049_Dança_xaxado_Granito_Ranilson ClebsonMúsica e dança com características de culturas indígenas, ao que tudo indica originário dos sertões pernambucanos do rio Pajeú e do rio Moxotó (Pernambuco). A sua divulgação inicial se deveu aos bandoleiros de Lampião, ficando por isso associado ao cangaço.

A dança era exclusivamente masculina. O canto, em quadras e refrão; o ritmo marcado pelo arrastar das alpercatas e a pancada das coronhas dos rifles no chão. As letras eram satíricas e agressivas.

O xaxado, em 1930, já estava popularizado fora da região e em 1935 figurava em programas radiofônicos, chegando ao auge no período de 1946-1956, com a divulgação pelo cantor Luiz Gonzaga.

Em Serra Talhada, terra do nascimento de Virgulino Ferreira, o Lampião (1898–1938), foram criados grupos de danças que introduziram variações coreográficas no xaxado e produziram adereços e vestuário a partir da recriação da roupagem usada pelos cangaceiros.

BEJAMIN, Roberto. Cultura Pernambucana. João Pessoa: Editora Grafset, 2011.

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