O modo de se pensar e lidar com educação tem mudado e a liderança escolar se tornou uma questão estratégica nas políticas educacionais. Porém, o assunto ainda é pouco falado na América Latina. Por isso, 200 profissionais de educação se reuniram na última sexta (18), em São Paulo, para o Seminário Internacional Liderança e Inovação na Educação .
“O seminário revelou experiências de inovações que estão em curso, com o protagonismo dos educadores e a transformação dos sistemas educativos a partir do engajamento e da ação criativa dos agentes da comunidade escolar. Uma das lições mais relevantes do encontro foi a importância de confiar nos estudantes como sujeitos do conhecimento a partir de um papel ativo e orientador dos professores. A tecnologia é importante, desde que aliada a um projeto pedagógico que valorize a iniciativa dos alunos”, afirmou André Lázaro, diretor da Fundação Santillana no Brasil, que organizou o evento em conjunto com o jornal EL PAÍS.
Inovação e criatividade
Foram oito palestras, entre elas a de Helena Singer, assessora especial do Ministério da Educação (MEC), que detalhou o recém-lançado programa Inovação e Criatividade na Educação Básica . Por meio de um mapeamento, será possível conhecer a distribuição geográfica e o perfil inovador das instituições de ensino. “Essas informações nos ajudarão a estabelecer políticas públicas para o segmento, a incentivar e a sistematizar as iniciativas positivas já identificadas”, afirmou.
Já Ricardo Cuenca, diretor geral do Instituto de Estudos Peruanos (IEP), falou sobre os principais desafios para a liderança escolar na América Latina. Um levantamento feito pelo pesquisador revelou que mais de 50% do tempo dos diretores escolares da região é gasto com atividades burocráticas de gestão e apenas 12% do tempo é direcionado para questões do dia a dia que envolvem alunos e professores. Ele alertou para a inexistência de uma gestão de carreira profissional e de políticas específicas para a formação dos diretores.
David Albury expôs que o Brasil tem importantes experiências de inovação, mas que são pouco conhecidas e divulgadas. De acordo com o diretor da Innovation Unit e consultor do Global Education Leaders’ Partnership (GELP), apesar de a educação ter ganhado espaço no orçamento brasileiro, boa parte dos recursos ainda não chega até os estudantes. Para Albury, é preciso saber direcionar esses investimentos com ferramentas que permitam melhorar o aprendizado.
Outro ponto mencionado foi a necessidade do uso de métodos educativos mais dinâmicos e aderentes à realidade dos jovens. Para Albury, o currículo deve contribuir para engajar e “empoderar” os alunos e ainda prever a personalização do ensino.
Também foram apresentados vários casos de sucesso envolvendo liderança nas salas de aula. O ponto em comum dessas experiências é a confiança nos estudantes e em seu desejo de participar de um ambiente escolar colaborativo.
A professora Maria Beatriz Luce, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e ex-secretária de Educação Básica do MEC, destacou a importância de desafiar as certezas pedagógicas para buscar maior diálogo com os alunos e as realidades que vivem.
Porém, entre outras constatações do debate, concluiu-se que essas experiências de sucesso podem servir de inspiração, mas não devem ser apenas copiadas. Os profissionais ressaltaram que cada instituição tem suas peculiaridades, e realidades sociais e econômicas distintas.
Outro case de sucesso foi compartilhado por Roberto Costa de Souza, secretário de educação de Jacareí (SP). Ele apresentou os diferenciais do EducaMais Digital , uma plataforma inovadora que tem conseguido engajar professores, alunos e pais no processo de ensino-aprendizagem.
O evento foi encerrado com o painel Inovar para quê? O que buscamos atingir com a inovação educacional , que contou com a participação de Maria Rebeca Otero Gomes, coordenadora do Setor de Educação da UNESCO no Brasil, Mila Gonçalves, gerente de projetos sociais da Fundação Telefônica Vivo e André Lázaro, diretor da Fundação Santillana no Brasil.
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