Professores que usam a criatividade e métodos inovadores para ensinar têm espaço garantido no mercado
O professor de Biologia Leandro Costa tinha um problema em sala de aula. Não sabia como controlar o uso do celular pelos alunos. O jeito foi buscar uma forma de utilizar o aparelho como recurso didático. Então, criou uma oficina de vídeo na qual os estudantes foram estimulados a filmar, com seus smartphones, uma animação que explica o funcionamento das células. A iniciativa deu tão certo que foi premiada, adotada em outras escolas da rede pública de Teresópolis, onde Leandro mora, e o levou a Londres, capital da Inglaterra. Mas, principalmente, serviu para mostrar que recorrer a métodos inovadores e criativos é uma forma de se diferenciar e se valorizar no mercado de trabalho.
— Hoje, todos os estudos e componentes científicos comprovam que cada pessoa aprende de uma maneira. Por isso, está muito valorizado no mercado aquele professor que percebe isso e utiliza metodologias ativas e diferenciadas — afirma Kátia Passos, pró-reitora de graduação da Universidade Veiga de Almeida (UVA).
Esse foi também o caminho seguido pela professora Luciana Baptista Gomes, ao criar um jogo de tabuleiro para facilitar a compreensão dos alunos a respeito dos conceitos de fotossíntese e da respiração aeróbica. Mestres como Leando e Luciana são o retrato de uma profissão que vive um cenário de revalorização. Dados do último Censo da Educação Superior, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), apontam um crescimento médio de 4,5% na procura pela licenciatura entre 2003 e 2013. Os dados de 2014 saem no mês que vem.
Os concursos continuam como a principal porta de entrada no mercado, principalmente para professores de educação infantil, mas a sala de aula já não é o único destino dos formandos. Há oportunidades nos setores de recrutamento das empresas e nas universidades corporativas. Cresce também o espaço para quem deseja atuar com novas mídias, dando curso e orientação pela web. Leandro não abandonou a sala de aula, mas atua em outras frentes como a internet e a curadoria de exposições, com viés científico.
— Não tenho do que me queixar — diz, sobre o mercado de trabalho.
Ao mesmo tempo que os professores expandem sua área de atuação para além da sala de aula, há uma tendência inversa de as escolas, por sua vez, abrirem espaço para outros profissionais. Para atender à política de inclusão escolar, que prevê o atendimento de alunos com necessidades especiais na rede regular de ensino, estes estabelecimentos vão precisar contar com profissionais como psicólogos, psicopedagogos e fonoaudiólogos, além de professores de Educação Física.
Para Thânia Athayde, presidente da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), a implantação nas escolas da inclusão prevista no Plano Nacional de Educação ainda é um grande desafio para as escolas. Também vai exigir muito dos profissionais.
— Eles precisam ser capacitados — aponta.
De olho na formação desse novo profissionais, as universidades já estão adaptando os seus currículos para atender à nova realidade do mercado.
— Nossos cursos de licenciatura já estão perfeitamente integrados a esse novo perfil do profissional, que hoje é muito requisitado pelo mercado. Vai ter muito espaço para quem se dedicar a trabalhar com a política de inclusão — afirma a reitora da UVA, Beatriz Balena.
Fonte: extra.globo.com
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